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Se um indivíduo veste o manto do monge com uma mente impura, sem auto harmonia e verdade, não será digno do manto.
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Mas aquele que se libertou do pecado e cuja mente é forte na virtude, que tem auto harmonia e verdade, ele é digno do manto de monge.
Quando vemos um monge com seu hábito, logo imaginamos tratar-se de alguém liberto da contaminação e dotado de virtudes. Monges e monjas ordenados fazem votos de seguir diversos preceitos e a pessoa leiga não somente vê e espera isso deles, como buscam suas orientações e se inspiram neles. É em virtude disso que dizemos que uma pessoa contaminada com as impuras raízes do mal, para o Budismo a ganância, o ódio e a ilusão, é indigna de cobrir-se com o manto de monge. Na Ordem Budista Niskama Karma, ao sermos ordenados ascetas, aceitamos os Três Preceitos Puros e os Dez Preceitos Cardinais.
São os Três Preceitos Puros: Não fazer o mal; fazer o bem; e conferir abundantes benefícios a todas as criaturas vivas.
São os Dez Preceitos Cardinais: não matar; não roubar; não praticar atos sexuais impróprios; não mentir; não se intoxicar; não falar dos erros alheios; não se elevar nem rebaixar outras pessoas; não ser mesquinho com o Dharma ou com os bens materiais; não ser levado pela raiva; e cultivar os Três Tesouros (três jóias - Buda, Dharma e Sangha).
Devemos ainda trazer essa reflexão à vida leiga. O estudante e praticante do Budismo deve esforçar-se em direção à prática constante da Senda Reta dos Oito Caminhos: Compreensão Correta, Aspiração Correta, Palavra Correta, Ação Correta, Meio de Subsistência Correto, Esforço Correto, Consciência Correta e Meditação Correta.
Leia este apólogo:
Um dos discípulos do Mestre Nemo caminhava com ele por um bosque próximo a um rio e demonstrava grande conhecimento sobre as plantas dando o nome de cada uma delas enquanto caminhavam e discorrendo sobre suas propriedades medicinais.
Em dado momento ele resolveu abrir seu coração e confessou:
- Mestre! Não consigo controlar minha mente! Por mais que medite me pego o dia todo pensando o que não devo, desejando o que não devo e algumas vezes fazendo o que não devo.
Mestre Nemo, como se não tivesse prestado atenção ao que ele disse, apontou para um arbusto e perguntou:
- Qual o nome desta planta?
- Ora, essa parece ser uma Atropa Belladona - respondeu o discípulo.
- E quais são suas propriedades medicinais?
- Ela é um alcaloide de grande toxicidade, da família das solanáceas, a ingestão de até mesmo uma só folha pode ser fatal para um ser humano adulto.
Por fim, mestre Nemo disse: “Mas se apenas a contemplarmos não nos fará mal algum, não é? Assim também é a mente”.
Mais uma:
Mestre Nemo nos contou que certa fez um discípulo fez uma pergunta ao Siddhartha Gautama:
- Agora que você alcançou a iluminação, o que você faz?
- Eu caminho, como e durmo.
- Mas isso eu também faço tudo isso e não sou um iluminado!
- É verdade, mas quando caminho eu caminho, quando como eu como e quando durmo eu durmo.
Meio abalado pelo que ouviu esse mesmo discípulo lhe perguntou:
- Se eu tivesse que explicar o Budismo em poucas palavras, o que eu deveria dizer?
- Abandone a maldade, cultive a bondade e conquiste a sua mente.
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