Lições do Buda sobre conduta

A vida do Buda é uma fonte preciosa de sabedoria e conselhos, bastando apenas reservarmos um tempo para observá-la. Podemos examinar como ele lidou com vários cenários e dificuldades, melhorando nossa compreensão de seus ensinamentos, assim como de nós mesmos, e assim favorecer nossa capacidade de crescer em conhecimento e nos dirigirmos em direção à realização.

É uma verdade universal que a humanidade nem sempre é verdadeiramente feliz – estamos sempre desejando algo mais. Mas o Buda sentiu o mesmo? Sim, ele também passou por isso.

Normalmente, as pessoas ficam escandalosamente iradas ou sentem-se contrariadas quando alguém interrompe sua paz e não tolerarão nenhum desrespeito em relação a si. Com o Buda era diferente: por mais desagradável que alguém agisse com ele, ele permanecia totalmente imperturbável. O que lhe tocava eram os maus-tratos e a crueldade dirigidos aos outros.

Certa vez em suas andanças, o Buda e um grupo de discípulos chegaram a um templo e lá pararam para descansar. Logo que entraram, ficou óbvio que nem todos estavam no mesmo espírito de humor, disposição e cooperação - alguns eram nervosos e irritados, enquanto outros exalavam calma. Sem perda de tempo, os seguidores mais afoitos já haviam arrebatado todas as camas.

Um dos principais discípulos do Buda chamado Shariputra foi um dos que ficaram sem acomodações. Sem consternar-se, Shariputra saiu em caminhada meditativa aproveitando o frescor da noite.

Vendo Shariputra caminhar, o Buda lhe perguntou: “Está realmente ficando tarde, porque está a caminhar?”

A resposta de Shariputra foi que ele sabia que havia um problema quando percebeu que a quantidade de pessoas superava o número de leitos. Alguns dos mais jovens queriam dispor logo das camas, e Shariputra dissera que sim.

Assim ouvir este relato, o Buda prontamente reuniu todos e os ensinou a respeitar os mais velhos, e orientou os mais jovens a dar-lhes prioridade quando se trata de descansar.

O Buda desaprovava as pessoas que apenas se preocupavam com seu próprio bem e ignoravam a dor dos outros.

E mais: Rahula, seu filho, se tornou bikkhu (monge) ainda jovem e não havia superado uma certa maldade e hábitos mentirosos. Certa vez, alguém perguntou a Rahula: "Você tem alguma ideia de onde está o Buda?

Embora informado de que o Buda estava do lado esquerdo da câmara, ele insistiu e apontou para o lado direito, declarando: 'O Iluminado está ali.'

Rahula se divertiu e ficou feliz quando a pessoa com quem ele havia falado antes, voltou perplexa. Mas seu deleite durou pouco, pois o Buda logo o convocou. Rahula estremeceu ao ver a expressão séria de seu pai e mentor e, ao invés de dizer alguma palavra, foi buscar uma tigela de água para o Iluminado lavar os pés antes de começar seu sermão. Depois de se lavar, o Buda disse a Rahula: “Que tal tomar um gole da água da tigela?”. O jovem olhou horrorizado para o Buda e disse: “Acabei de usar esta água para lavar seus pés, não posso beber isso”.

O Buda tinha um dom real para reduzir a vida aos seus princípios fundamentais. Ele disse a Rahula: “Se você optar por mentir, suas palavras serão tão imundas quanto a água turva desta bacia. Assim como ninguém gostaria de engolir esse líquido, da mesma forma ninguém deseja absorver o que você diz em mentira”.

Assim que Rahula descartou a água suja, o Buda sugeriu que a bacia cumprisse seu segundo propósito: “É tempo de alimentação! A tigela está vazia e pronta para ser preenchida com alimentos”.

Rahula ficou angustiado e lamentou: “Não pode ser! Esvaziei todo o líquido da tigela, mas ela ainda está suja, não posso colocar comida nela".

O Buda então o repreendeu novamente: "Veja, quando você conta mentiras é como se sua boca fosse tão suja quanto a tigela! Se nela não podem ser colocados alimentos, como esperar que de sua boca saiam palavras virtuosas?”

A conclusão desta história é direta - A maneira como o Buda instruiu Rahula é uma evidência da grande esperança que os pais têm para seus filhos. Não é segredo que o carinho se expressa de forma mais dura quando é profundo. A repreensão do Buda surgiu do cuidado, não da ira.

E a adoração que os pais nutrem por seus filhos é semelhante ao amor que o Buda sentiu por todas as formas de vida.