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A Prostração de Shariputra

Atualizado: 9 de mai. de 2023

Antes de tornar-se discípulo do Buda Gautama, Shariputra fora um príncipe. Então um dia o Buda lhe disse: "Agora seu dever e sua compaixão é ir para seu povo: para seu pai, para sua mãe, para todo o seu reino. Deixe-os saberem o que você conquistou e compartilhe que eles também possuem potêncial para isso”.

Porém, Shariputra estava muito relutante em partir e o Buda lhe perguntou: “Por que a relutância? Neste momento eu estou dentro de você e te envio para longe sabendo que a distância não mudará isso”.

Shariputra respondeu: “A distância não é um problema. Eu posso ir até a estrela mais distante e você ainda estará no meu coração. Mas estando aqui, eu toco seus pés todos os dias. Quando longe, você pode estar em meu coração, mas como posso tocar seus pés?”

O Buda disse: “Você é iluminado, não precisa tocar meus pés”.

Shariputra disse: “De início, tocar seus pés era um ritual, que eu fazia porque todos os discípulos o faziam. Mas agora não é mais isso: Agora me prostro e toco teus pés em gratidão sincera, porque eu não seria quem sou sem você, eu não teria alcançado a mim mesmo sem você. Apesar disso sempre ter estado dentro de mim, não acredito que sozinho eu descobriria isso, pelo menos não nesta vida. Sua compaixão, seu amor e suas bênçãos contínuas, pouco a pouco, removeram de mim o que não era eu. É por isso que hoje quando toco seus pés, é para mim como um alimento que me nutre o coração. No dia que não faço isso, mesmo sabendo que você está dentro de mim, eu sinto-me vazio.

O Buda lhe respondeu: “Todos vocês terão que aprender a ficar longe de mim e, ao mesmo tempo, não ficar longe de mim. É verdade que você não poderá tocar meus pés, mas onde você estiver, apenas vire para o lado onde você pensa que eu estou e se prostre até a terra. Meu corpo pertence à terra. Então se você tocar a terra com a mesma gratidão, você vai me tocar”.

Shariputra partiu e o povo de seu reino se maravilhou com o esplendor e beleza do que ele havia alcançado, mas ficavam curiosos com o porquê de todas as manhãs e noites ele se virar para a direção onde o Buda permanecera, se ajoelhando até o chão e tocando a terra com grande gratidão. “Você é um ser iluminado”, disseram as pessoas, “não precisa tocar esta terra”. Ele disse: “Eu aprendi um belo segredo: o corpo nada mais é do que a terra e ela contém não somente os pés do Buda, meu amado mestre, mas também de todos os budas do passado, presente e futuro. Ao tocar o solo, toco todos os que despertaram, que me mostraram e abriram o caminho para mim”.

Após a morte do Buda, Shariputra continuou a prostrar-se, em direção ao local onde o corpo do Buda estava no momento que ele falecera e nunca se sentiu separado do mestre.


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